quarta-feira, 6 de maio de 2009


SONETO ESCRITO NA MORTE DE TODOS OS ANTIFASCISTAS ASSASSINADOS PELA PIDE

Vararam-te no corpo e não na força
e não importa o nome de quem eras
naquela tarde foste apenas corça
indefesa morrendo às mãos das feras.

Mas feras é demais.Apenas hienastão
pútridas tão fétidas tão cães
que na sombra farejam as algemas
do nome agora morto que tu tens.

Morreste às mãos da tarde mas foi cedo.
Morreste porque não às mãos do medo
que a todos pôs calados e cativos.

Por essa tarde havemos de vingar-te
por essa morte havemos de cantar-te:
Para nós não há mortos.
Só há vivos.

de Ary dos Santos
Gravura de José Dias Coelho(assassinado pela PIDE em 19.12.61),retratando o assassinato de Catarina Eufemia

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